O ano de 2023 se desdobrou como um período de intensa dinâmica econômica global, influenciado por uma série de eventos marcantes e políticas monetárias significativas. No cenário internacional, o otimismo inicial em relação à reabertura econômica da China foi ofuscado por dados econômicos ambíguos, especialmente dos Estados Unidos, onde a inflação persistia acima da meta, contrastando com um consumo robusto e um mercado de trabalho apertado. Esses elementos alimentaram especulações sobre uma possível recessão, especialmente após uma crise nos bancos regionais dos EUA, desencadeada por uma gestão inadequada de balanços.
Contudo, o cenário mudou rapidamente para um de sentimentos mistos, com o Brasil se destacando positivamente em meio a essa volatilidade global. A economia brasileira surpreendeu com um crescimento acima do esperado, avanços na agenda econômica e sinais de desinflação, criando um ambiente favorável para a expectativa de cortes na taxa Selic, que encerrou o ano de 2023 no patamar de 11,75% ao ano. Globalmente, os resultados do primeiro trimestre nos EUA superaram as expectativas, reacendendo o otimismo de um “pouso suave” da economia.
No entanto, esse otimismo foi interrompido pelo aumento das taxas de juros globais, impulsionadas pelas Treasuries americanas, e pela reavaliação da reabertura chinesa diante de dados econômicos fracos. A inflação mais persistente do que o esperado e o aumento dos preços do petróleo contribuiu para um clima de aversão ao risco nos mercados globais. No Brasil, preocupações com o cenário fiscal interno e debates sobre a tributação corporativa e a meta de déficit zero geraram incertezas.
Apesar dessas turbulências, desde novembro, uma recuperação significativa dos mercados foi observada, impulsionada pela resiliência da economia global e um processo de desinflação em curso. A queda nas taxas das Treasuries e nos preços do petróleo indicou uma mudança na percepção do mercado, com expectativas de cortes nas taxas de juros nos EUA no início de 2024. A postura mais amena do Federal Reserve reforçou a narrativa de um pouso suave, beneficiando os mercados. No Brasil, o Ibovespa alcançou novas máximas, encerrando o ano de 2023 com alta de 22,28%, superando os principais índices globais em um contexto global desafiador. Em relação ao desemprego, o Brasil encerrou o ano de 2023 com a menor taxa média de desemprego desde 2014, atingindo o resultado de 7,8%.