Mal saem das fraldas, as crianças já se portam como grandes consumidores. Embora o contato com o dinheiro seja praticamente inexistente, está comprovado que os pequenos interferem no orçamento familiar e influenciam os hábitos de consumo de famílias de todas as classes sociais. Nos Estados Unidos, as despesas de crianças com idades entre 4 anos e 12 anos cresceram 400% na década de 1990; no Brasil, calcula-se que a garotada influenciou gastos da ordem de US$ 90 bilhões no mesmo período.
Diante dessa influência infantil nos gastos da família, muitos especialistas recomendam aos pais que deixem as crianças em casa na hora de comprar o material escolar. Ao contrário, os jornalistas Marília Cardoso e Luciano Gissi Fonseca – autores do livro “Você sabe lidar com o seu dinheiro? Da infância à velhice”, da Primavera Editorial – defendem que a compra de material escolar é uma excelente oportunidade de incutir conceitos de educação financeira na vida dos pequenos.
Segundo Marília Cardoso, os filhos carregam dos pais muito mais do que a herança genética. A forma como cada um lida com o dinheiro tem íntima relação com conceitos e ensinamentos assimilados na infância. “Os pais têm a missão de mostrar que o dinheiro não cai do céu nem brota em árvores; lição que resolve dois problemas de umaúnica vez.
Primeiro porque justifica as saídas diárias para o trabalho; segundo, forma cidadãos conscientes do seu consumo”, afirma a jornalista. Na visão de Marília, a conversa franca requer um bom preparo dos pais, que devem tomar cuidado com frases como “estou saindo para ganhar dinheiro”. Uma criança pequena pode acreditar que se “ganha” dinheiro, ou seja, não associa a moeda à conquista por meio do trabalho e não assimila a noção de valor implícita no trabalho. “é importante que desde muito cedo as crianças aprendam o sentido correto das palavras dinheiro e prioridade”, defende Marília.
Luciano Gissi Fonseca destaca que o início do ano concentra dívidas adquiridas nas festas de fim de ano e despesas fixas como IPTU e IPVA, além do material escolar. “Fica visível para a criança que os pais estão preocupados, mas ela não consegue identificar os reais motivos que os levam a fazer tantas contas; tampouco entendem o motivo de não poder participar da compra do material escolar. O ideal é que a criança participe das compras e que os pais aproveitem a ocasião para ensinar limites e para falar sobre valores que serão importantes durante toda a vida. Na prática, ao incluir a criança no processo de compra, os pais colaboram na formação de cidadãos que praticam o consumo consciente”, afirma Fonseca.
Segundo os autores, a principal dica é lembrar que a educação financeira está centrada no diálogo e no exemplo. Ou seja, não adianta um discurso perfeito sobre consumo consciente se a criança se depara com os pais gastando mais do que podem.
Fonte: Portal Mais Ativos
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