Desde que se aposentou, dona Leonor não para em casa. “Já fui para Disney, fui pra Israel, vou para Nordeste. Bengalinha e chinelinho não!”, conta.
E Luzia Maria Silva Teixeira vai para Roma. Será a primeira viagem internacional. “Mala e umas blusas, casaco, tudo para levar, para ir na viagem”, diz a aposentada.
Esse pessoal viajado não faz bem só ao mercado de turismo: movimenta toda a economia do país. Hoje os idosos representam 11% da população, e a renda deles corresponde a um quinto da renda nacional.
“O idoso responde por quase 20% do consumo nacional. Ele compra cada vez mais produtos relacionados à educação sua e de seus filhos ou netos, começa buscar produtos de tecnologia. Temos um idoso que começa a querer se conectar e estar presente no mundo virtual e também a estudar”, afirma o presidente do Instituto Data Popular Renato Meirelles.
Metade tem conta em poupança e quase 60% usam cartão de crédito. Mas, em geral com prudência, só 26% dizem ter dificuldade em controlar os gastos.”O segredo é não fazer compromisso. Vai comprar alguma coisa, junta um dinheiro, programa e paga à vista. Sabendo controlar o dinheiro, mesmo curto, você consegue realmente viver melhor”, explica a aposentada Djalma Gomes.
Esses brasileiros participaram nas ultimas décadas, das mudanças na economia do país e também se beneficiaram com elas. Mas perguntados sobre o que gostariam de deixar como herança para os filhos, dinheiro e bens materiais ficaram em segundo plano. Três de cada quatro idosos disseram que pretendem deixar respeito, honestidade e educação. “Educação e sempre respeitar as pessoas, desde criança até idoso. Porque o respeito é bom e é bonito em qualquer lugar”, afirma o corretor de imóveis Oscar de Abreu.
A herança que um dia a dona Janice vai deixar é a vontade de aprender. Depois de se aposentar, fez faculdade e voltou a trabalhar, agora como coordenadora pedagógica. Com a renda extra do emprego, ela vai fazer pós graduação e realizar um sonho antigo. “Eu tirei carta, é uma coisa que eu morria de medo e eu quero comprar o meu carro agora, que eu não quero saber de dirigir carro de filho”, explica.
A pesquisa feita ouviu dois mil idosos em 53 cidades. E o estudo também fez uma projeção: em quatro décadas, a população idosa deve alcançar 30% do número de habitantes do país.
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