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Tempo de leitura: 2
04/02/2011

Vem de berço

Uma conduta e preocupação que vem se acentuando entre todos os adultos que tem responsabilidades com o futuro dos seus descendentes é o de criar reservas financeiras que lhe assegurem uma relativa tranqüilidade no seu início ou futuro.

Mas o que se observa é que esta preocupação tem se concentrado de forma mais acentuada com as questões materiais. Sem uma devida orientação e envolvimento dos descendentes neste processo. O que este artigo procura alertar é para a importância de ampliar este processo de forma mais educativa. Ou seja, deve fazer parte da educação para a vida.

Esta atitude – de preocupação com os filhos – tem se tornado ainda mais acentuada entre as mulheres, que além de serem hoje também “provedoras”, mantém um foco mais objetivo e pragmático, em relação ao futuro dos filhos. E ao planejar seus investimentos não consideram apenas o seu processo de aposentadoria ou desejo de uma futura autonomia financeira. Mas incluem também o sonho de “poupar” a próxima geração dos sacrifícios – materiais – próprios para o início da vida adulta.
Entretanto, a prática tem demonstrado que muito maior do que o desafio de criar um patrimônio, grande parte fracassa no despreparo da forma como a próxima geração vai lidar com esta suposta tranqüilidade financeira.

Está comprovado que o desaparecimento das fortunas, em um prazo inferior a uma geração, tem como principal causa, a falta de preparo da mesma para lidar tanto com o dinheiro como também com sua própria vida.

Segundo o jornal americano “The Merrill Lynch Affluent Insights Quarterly”, que consultou mil americanos, com pelo menos US$. 250 mil disponíveis para investimentos financeiros, foi possível constatar que 51% vêem o “conhecimento para cuidar do próprio dinheiro” como a lição de vida mais importante a ser compartilhada com os filhos. Para os pesquisadores “o gerenciamento do dinheiro e das dívidas, juntamente com o conhecimento financeiro dos filhos, são cada vez mais importantes”.

Segundo Dean Athanasia, diretor da divisão de investimentos de um dos maiores bancos americanos, “os clientes estão sempre lidando com demandas financeiras conflitantes, ao mesmo tempo em que esperam ensinar a próxima geração sobre como efetivamente administrar seu próprio dinheiro”.

Curiosamente em nossa cultura latina é muito comum os pais realizarem esforços no sentido de tratarem os assuntos financeiros “escondidos” dos filhos. Muito apoiados na idéia de poupar os mesmos de eventuais divergências conjugais, ou até da necessidade de administrar, com cuidado, os rendimentos do casal.

Vale ressaltar que a educação financeira não deve estar dissociada de um processo de preparo para a vida como um todo. Ela é apenas uma parte fundamental deste processo. E esta educação tem inicio na vida doméstica e familiar.

Não basta pedir aos filhos que falem menos no celular, apaguem a luz ao sair dos ambientes, etc. é também importante que eles possam adquirir, desde muito cedo, uma noção clara de custos, receita e despesas. Evidentemente, numa linguagem acessível ao seu amadurecimento.

Com a sensível diminuição do tamanho das famílias este tema ganha ainda maior importância. Pois é muito fácil incorrer no risco de facilitar ainda mais quando se tem um número menor de dependentes.

Conversar com os filhos sobre sua relação com o dinheiro é tão importante quanto saber como estão indo nos estudos, o que pensam do seu futuro e dimensionar suas ambições materiais. é evidente que este é um assunto do casal. Mas fica a recomendação para que as mulheres sejam cada vez mais insistentes na incorporação do tema à agenda da família.

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