Ensina o bom senso que quem deseja aprender deve procurar que tem experiência no assunto alvo da curiosidade. é o que estão fazendo os fundos de pensão brasileiros, agora que levados a isso por juros mais baixos e uma economia brasileira que cresce pouco vêm se preparando para investir no exterior. Na América Latina, ninguém conhece mais o assunto do que as Administradoras de Fundos de Pensão chilenas (AFPs), que têm atualmente 38% dos recursos que administram fora das fronteiras do Chile. Para ser mais exato, essas reservas estão distribuídas por mais de 70 países.
Para conhecer essa experiência mais de perto 30 gestores brasileiros participaram no início de julho, em Santiago, do seminário “O Modelo de Previdência Chileno e as Experiências das AFPs em Investimentos no Exterior”, promovido pela Abrapp. Importante e oportuno, o tema retorna hoje, dia 7, quando painel sobre “A Experiência dos Fundos de Pensão do Chile em Relação aos Investimentos no Exterior” abre o segundo dia do seminário que a Abrapp realiza no Rio.
Os fundos de pensão chilenos têm muito a mostrar, sugere Carlos Garcia Filho, sócio-diretor da Itajubá Investimentos e que atuou como coordenador-técnico do evento em Santiago e hoje, no Rio, é palestrante. Muito a ensinar porque as alocações no exterior já são a maior fonte de receita das AFPs e o sistema como um todo exibe em seus investimentos uma rentabilidade bastante superior aos compromissos do passivo. “Estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostraram que na década passada o Chile foi o mercado de fundos de pensão com o maior retorno no mundo”, diz Carlos Garcia.
Em matéria de investimentos as AFPs têm 21,4% em títulos do governo chileno, 18% em títulos e ações de bancos chilenos, 22,1% em ações e títulos de empresas privadas chilenas e 38,5% no exterior. Desse percentual no estrangeiro, 26,9% estão em renda variável e 11,6% em renda fixa. Quanto aos países para onde o dinheiro vai, os EUA (33,7%) são o primeiro destino, sendo o Brasil (8,7%) o segundo e a China (8,2%) o terceiro.
Nosúltimos 32 anos, explica Carlos Garcia, as estatísticas mostram que os fundos chilenos obtiveram um retorno médio anual de 8,66%, muito acima dos 7% que precisariam atualmente para cumprir o prometido aos participantes, que é pagar aposentadorias entre 60% e 80% doúltimo salário.
O Chile tem também um mercado de anuidades mais desenvolvido. As AFPs contratam com as seguradoras risco de invalidez e morte. E compram também renda vitalícia através de leilões eletrônicos, dos quais todas as seguradoras autorizadas a funcionar podem participar. O mercado chileno, incluindo anuidades e investimento adicional no tercdeiro pilar, soma hoje perto de US$ 50 bilhões.
Carlos Garcia aponta outros aspectos dos fundos chilenos que vale a pena conhecer:
– O sistema foi criado em 1980 e entrou em operação em 81. Veio substituir o então existente regime público de repartição simples;
– As contas são individuais. Todo trabalhador tem obrigatoriamente que contribuir com 10% de seus salários, sem contrapartida do empregador;
– Para compensar essa contribuição solitária, os salários subiram 10% quando os fundos foram criados;
– A Previdência Social pública deixou de recolher contribuições, valendo as aportadas até aquele momento. O governo assumiu parte do déficit gerado pela obrigação de pagamento das aposentadorias de quem já havia contribuído até então;
– Sistema de capitalização funciona como um plano CD puro. Foram criadas as AFPs, empresas de propósito específico que só podem fazer essa gestão previdenciária. As contas individuais são segregadas nos balanços das empresas, para blindar as reservas contra uma eventual quebra da AFP. O Estado só contribui com o processo regulatório e a supervisão;
– Em 2008, no meio da crise daquele ano no mundo, o sistema ganhou no Chile um primeiro pilar (equivalente à previdência pública) para garantir um benefício mínimo para quem não consegue contribuir. Isso permite aos chilenos dizer que o País tem como os demais três pilares (previdência assistencial, as AFPs e as contribuições adicionais sejam feitas nas AFPs, seguradoras ou fundos mútuos).;
– O Chile tem 16,6 milhões de habitantes, População Economicamente Ativa de 8,3 milhões e 9,4 milhões de afiliados às APFs, incluindo os assistidos;
– 5 milhões de chilenos fazem contribuições regulares para as AFPs. Cada um pode escolher entre uma dezena de AFPs, das quais meia dúzia é relevante e quatro realmente grandes, estasúltimas concentrando em suas mãos perto de 90% do total de recursos.
– Patrimônio atual sob gestão das AFPs é equivalente a US$ 162 bilhões.
– Em 2002 houve uma reforma e cada AFP passou a ser obrigada a oferecer cinco diferentes perfis de fundos: A até E. A diferença entre eles fica por conta dos diversos níveis de renda variável contidos nas carteiras. A opção de maior exposição ao risco é de 40% a 80% de ações e a menor de zero a 5% no máximo. O preferido é o perfil C, que recebe hoje 40% dos ativos investidos e estabelece um mínimo de 15% e um máximo de 40% de renda variável.
Fonte: Diário ABRAPP
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