30/06/2010 Razão X emoção na hora das compras
Será que você compra mais para recompensar bons momentos ou compensar os maus?
Imagine as seguintes situações:
1. Um dia, você sai chateado do trabalho devido a um desentendimento com um colega. Para aliviar o stress e distrair a mente, resolve passar no shopping a fim de comprar alguma coisa. Volta para casa com uma sacola de roupas novas.
2. Você acaba de receber a feliz notícia de que foi promovido no emprego em que trabalha, após meses de dedicação. Neste dia, resolve celebrar a conquista adquirindo roupas novas, como uma recompensa por seu esforço e disciplina.
Então, questionamos: em qual das situações a compra tende a trazer mais satisfação? Em qual delas as chances de fazer melhores escolhas são maiores?
No dia-a-dia, passamos por diversas situações parecidas com essas. E nossas decisões de consumo muitas vezes são baseadas em momentos como o da primeira situação – buscando compensar necessidades emocionais, espirituais e psicológicas.
Não há nada de errado em ir às compras. Ao fazermos isso, geramos empregos, ajudamos a desenvolver a economia do país, sentimos prazer e, é claro, esta atitude é necessária na sociedade contemporânea. Esta sociedade, porém, fez do consumo um ícone e, de várias maneiras, cria a ideia de que você é o que tem: quanto mais bens adquire, mais próspero é. Isso pode causar uma ilusão.
Quem não está bem financeiramente e possui diversas dívidas para quitar é porque, dentre outros motivos, gasta mais do que ganha. E, geralmente, faz isso porque tenta compensar tais necessidades com bens materiais, comprometendo não só a vida financeira, como também deixando de valorizar aquilo que levou para casa. Quem já não se arrependeu de uma compra por impulso, feita em um momento de instabilidade emocional?
Compras realizadas para compensar frustrações são más compras, pois são realizadas em momentos em que a pessoa é levada a agir com a emoção, e não com a razão. São movidas por emoções negativas, como raiva, stress, sentimento de derrota, ao contrário das compras que recompensam vitórias, pois estas são fruto de uma escolha racional decorrente de uma emoção positiva.
Uma compra como recompensa de algo tem mais chances de trazer satisfação, pois ela é feita num momento emocional positivo, de conquista profissional ou pessoal, sem culpas, além de ser resultado de um prévio esforço anterior. Porém, com certos cuidados: não se trata de levar uma vida de ostentação ou incorporar o slogan “eu mereço”, mas permitir-se pequenos luxos do dia-a-dia, com consciência de suas possibilidades e limites, com a ideia de aproveitar aquilo para o qual você lutou para conseguir.
Precisamos, então, esperar a hora certa para comprar; aprender a dizer não aos nossos impulsos e às pressões que sofremos para o consumo. é preciso que tenhamos consciência de nossas limitações financeiras e que questionemos nossas reais necessidades. Muito se diz que vivemos numa constante tensão entre compras de necessidades e compras de desejos, devendo priorizar a compra do que é necessário, e que um dos principais motivos para o desequilíbrio financeiro vem da compra desequilibrada de supérfluos. No entanto, pode haver uma exceção: aqueles momentos em que os supérfluos, ou desejos, podem representar “recompensas”.
Por exemplo: Você fez economia durante alguns meses, quitou suas dívidas, saiu dos financiamentos e zerou os problemas com os credores. Por que não se permitir sair pra jantar em um bom restaurante e escolher um prato bem bacana? Se for para celebrar as conquistas do reequilíbrio financeiro, vá em frente. Afinal, as recompensas funcionam como lembretes de que você é capaz de superar desafios e enfrentar etapas ainda mais elevadas.
No entanto, lembre-se sempre que antes do prêmio, vem o esforço, o trabalho, o planejamento! Planejar é decidir antecipadamente o que faremos com nosso dinheiro e seguir à risca tal decisão. Um planejamento financeiro passa por atitudes como poupar, investir e ver que nem tudo o que queremos realmente precisamos. Então, abandone o hábito das compras para compensar e transforme-as em compras para recompensar. E viva uma vida muito melhor!
Fontes consultadas: blog Dinheirama; publicação Bovespa