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Tempo de leitura: 3
01/02/2012

Pitadas seguras de sal

Ainda que a dieta ideal para prevenir a hipertensão vá além da redução de sal, não tem jeito: é no condimento que a maioria das pessoas pensa quando se fala na doença que coloca o coração e outrosórgãos vitais em risco. E a relação imediata é compreensível. Afinal, nosúltimos tempos não faltaram estudos e alertas para reforçar o perigo que o sódio, componente mais famoso do tempero, representa para as artérias.

No quesito excesso de sal à mesa, infelizmente o brasileiro tem se destacado. Consumimos cerca de 12 gramas do condimento todo santo dia, ou seja, quase 2,5 vezes mais do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS. Quando muito sódio passeia pelo corpo, um dos primeiros efeitos é a retenção de água e, de quebra, um aumento no volume de sangue circulante. As artérias não estão acostumadas a abrir passagem para tanto líquido. Eis por que a pressão exercida na parede dos vasos é intensa. Para piorar, o excesso de mineral também contribui para a constrição desses vasos, reduzindo seu espaço interno. “Com o tempo, a pressão alta pode danificar as artérias deórgãos vitais, como coração, cérebro e rins. Daí, cresce o risco de infarto, derrame e insuficiência renal crônica”, explica o nutrólogo Paulo Henkin, da Associação Brasileira de Nutrologia, a Abran.

Para ter ideia de como a situação é séria, o cardiologista Carlos Alberto Machado calcula que, se passássemos a ingerir 5 gramas de sal, o equivalente a 2 gramas de sódio, conseguiríamos reduzir em 15% o número de mortes por derrame e em 10% as por infarto. Além disso, por volta de 1,5 milhão de pessoas ficariam livres de medicamentos para controlar o sobe e desce da pressão. E tem mais: os hipertensos ganhariam quatro anos na expectativa de vida.

Novos riscos para a Saúde

Se não bastassem os motivos para o peito, há outros que reforçam a necessidade de usar o sal com moderação. “Há evidências de que a ingestão exagerada de sódio pode causar pedras nos rins, piorar a resistência ao hormônio insulina, um fator de risco para o diabete do tipo 2, e também contribuir para o surgimento de problemas estomacais, como gastrite eúlcera”, diz a nefrologista Frida Plavnik.

“Em tese não precisaríamos adicionar sal à comida, porque a quantidade de sódio encontrada naturalmente nos alimentos como frutas, verduras, legumes e carnes já é suficiente para cobrir as necessidades do corpo”, conta Henkin. Mas, como nosso paladar está muito habituado ao condimento, o conselho dos especialistas é encarar a redução como um processo. “Não dá para diminuir o consumo em 50% do dia para a noite”, reconhece Frida. Para dar o pontapé inicial, uma boa é recorrer à ponta dos dedos, a famosa pitada, para salgar as refeições, uma vez que o saleiro nos deixa mais propensos ao exagero. E atenção: faça isso só depois que o prato estiver pronto. “O ideal, especialmente para os hipertensos, é cozinhar tudo sem sal. Dessa forma, é possível controlar com precisão a quantidade usada durante o dia”, ensina Luiz Aparecido Bortolotto, do Incor.

Optar por alternativas como alho, cebola, pimenta e alecrim é um caminho apontado pela nutricionista Camila Marcucci Gracia para satisfazer o paladar sem comprometer as artérias. Ela ressalta, no entanto, que não adianta apenas monitorar o pacote de sal: é preciso ficar de olho nos alimentos industrializados, sabidamente lotados de sódio. “Modere o consumo de bolachas, biscoitos, produtos congelados, embutidos e evite temperos prontos”, orienta Camila. Assim, com pequenos ajustes, dá para blindar o corpo contra uma série de males sem perder o sabor e o prazer de cada garfada. Composto de menos sódio e mais potássio, o sal light é uma boa opção para quem não tem problemas renais e quer proteger as artérias. Só não vale abusar!


Fonte: Saúde

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