Se a educação financeira é um dos maiores problemas para os adultos lidarem bem com suas economias, a solução pode estar nos pequenos. De acordo com Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), publicada em 2007, crianças familiarizadas com o uso do dinheiro têm mais chances de se tornarem adultos financeiramente conscientes. Mesmo que pareça complicado, o processo pode começar com uma simples mesada.
Ainda que seja difícil definir o valor e a idade mínima para o benefício dos filhos, o ideal é tentar fazer do pagamento um ato de aprendizado. “A dica é pensar em um valor sobre o qual a criança tenha a possibilidade de tomar pequenas decisões e entender que cada escolha é decisiva para gerenciar o seu orçamento semanal”, explica o especialista em finanças pessoais Raphael Cordeiro.
Para a coordenadora do núcleo de Educação Básica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Regina Cotter, o comportamento dos pais deve ser exemplar no ato de dar a mesada, e os pagamentos devem ser acompanhados de conversas sobre a importância do dinheiro. “é importante que os pais cumpram as datas de pagamento, para que a criança entenda a responsabilidade daquele ato”, explica.
No entanto, sem o devido cuidado, a experiência pode ser desastrosa. “Dar um valor além do combinado ou não impor limites pode surtir o efeito contrário do objetivo de educá-los financeiramente”, afirma.
Ela indica que até os 12 anos, se os pais optarem por pagar a mesada, o valor deve ser simbólico. “Algo como um real por ano de vida, uma vez por semana”, recomenda. Depois, por volta dos 14 anos, ela acredita que uma boa ideia é aumentar o volume e tornar o adolescente responsável por pequenas contas. “Deve ser alguma despesa que o jovem possa pagar e um serviço que ele use e goste”, afirma.
Mito do dinheiro
O economista Raphael Cordeiro também acredita que trabalhar esta relação das crianças com as finanças é uma boa oportunidade de desmistificar o dinheiro. “Quando eles ainda são novos, uma boa ideia é explicar que o dinheiro não é uma coisa ‘suja’. Vale a pena pegar umas moedinhas e, simbolicamente, lavá-las junto com a criança para que ela entenda que é algo importante e que merece cuidado”, recomenda.
Fonte: Gazeta
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