O que a educação financeira e a democracia têm a ver uma com a outra? Para a cientista política Cássia D’Aquino, tudo. Envolvida em projetos de educação financeira em escolas e na periferia de São Paulo, a educadora relaciona diretamente a capacidade de lidar bem com o dinheiro à adesão aos regimes democráticos. Entre as justificativas para tal tese, está a consciência que o indivíduo adquire ao saber lidar com seus recursos. “é uma relação estreita, quanto mais educada financeiramente, mais interessada na democracia é a pessoa”, afirma.
Cássia esteve em Porto Alegre para falar a um grupo de investidores vinculados à Vokin Investimentos sobre como é possível levar os filhos à maturidade financeira. A educadora afirma que um indivíduo atinge esse patamar de maturidade quando adquire a capacidade de adiar seus desejos em prol de um benefício futuro. “O desejo, muitas vezes, é algo passageiro”, argumenta. Ao reprimir um desejo pensando no futuro, a criança está lidando com as bases que podem ajudá-la a ser adulto precavido com suas finanças.
A especialista destaca que é melhor para um indivíduo “falir” na infância – quando gasta toda a sua mesada antes do fim do mês, por exemplo – do que passar por uma experiência semelhante na vida adulta. “Quebrar na infância ajuda muito para que não se tenham perdas maiores no futuro”, diz. Basicamente, os pilares das atividades desenvolvidas por Cássia são quatro: aprender a ganhar, a gastar, a poupar e a doar. Desse modo, o ciclo de relacionamento com o dinheiro fica completo, segundo a própria cientista política.
Além das crianças, as camadas de baixíssima renda da população são, para Cássia, os públicos que mais necessitam de algum instrumento em educação financeira. Isso porque a escassez de recursos faz com que membros de comunidades mais pobres nem sempre aloquem seu dinheiro da maneira correta. “Os programas de educação financeira são muito eficazes na perspectiva da baixa renda, pois o público se dá conta do que consegue fazer com seu orçamento e encontra estímulos, mantendo o orçamento em ordem”, argumenta.
Fonte: Jornal do Comércio
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