O cenário brasileiro encontra-se cada vez mais desafiador. Câmbio desvalorizado, alta pressão inflacionária, ruídos políticos vindos de Brasília e a trajetória duvidosa da dinâmica fiscal brasileira formam um cenário complexo e, consequentemente, pressionando os ativos financeiros.
O mês de outubro foi marcado por uma forte alta na curva de juros, impactando os ativos de renda fixa, como os títulos públicos, e queda de 6,74% no Índice Ibovespa, sendo a quarta queda seguida do Índice, terminando o mês em 103.500 pontos.
A inflação brasileira, medida pelo IPCA, não demonstra sinais de arrefecimento e os dados acabaram mostrando que as expectativas tanto do Banco Central, quanto do mercado, foram superadas atingindo o patamar de 10,25% em 12 meses. Aliada à inflação, a dinâmica fiscal das contas brasileiras piorou com a pressão realizada pela classe política em realizar mais gastos, e por sua vez, encontrar uma forma de ultrapassar o Teto de Gastos. Mas, afinal, qual a importância do Teto de Gastos?
O Teto de Gastos foi criado em 2016 como uma forma de âncora fiscal, sendo um instrumento para reequilíbrio das contas do Governo Federal, numa tentativa de conter o descontrole fiscal do Governo Dilma. As leis vigentes na época já não davam mais conta dos gastos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, e foi necessária a criação do Teto de Gastos para realizar os ajustes graduais na economia, amenizando a crítica situação fiscal brasileira. É sabido que para se obter uma economia saudável, ou seja, sem inflação e com investimentos que possibilitem a geração de emprego e crescimento sustentável ao longo do tempo, é necessário o equilíbrio nas contas públicas, por isso a criação do Teto de Gastos foi tão importante.
Entretanto, nas últimas semanas o Governo surpreendeu os agentes econômicos com a possibilidade de “furar” o Teto de Gastos, gastando mais do que cabe no orçamento governamental, decretando o fim da austeridade fiscal tão defendida pelo Ministro da Economia Paulo Guedes. Esse gasto adicional do Governo veio de um pedido do Presidente Jair Bolsonaro em aumentar um auxílio emergencial no valor de R$400,00 não previsto nas contas públicas. Além desse auxílio, houve também a divulgação do auxílio-diesel aos caminhoneiros no mesmo valor. O problema aqui não está no pagamento do auxílio em si, mas sim na dinâmica e forma em que foi proposto o aumento de gastos e, claro, a consequente deterioração das expectativas econômicas e aumento desenfreado dos riscos fiscais. Como esperado, o mercado reagiu de forma extremamente negativa, onde as expectativas para juros e inflação sofreram altas e correções diárias desde o início da percepção de que o Governo iria cair na tentação de abrir os cofres públicos.
A curva de juros futuro aumentou mais de 100bps na parte longa da curva e cerca de 200bps na parte curta, os títulos atrelados à inflação, as NTN-Bs (Tesouro IPCA), seguiram o mesmo ritmo de alta, impactando o Índice IMA-B que caiu 3,0% no período. Títulos que estavam sendo negociados a uma taxa de 3,5% e 4,15%, com vencimento em 2023 e 2024 respectivamente, no final do mês de setembro, terminaram o mês de outubro próximos de 5,40%. Essa flutuação dos preços afetou todos os títulos de renda fixa devido a marcação a mercado dos ativos, conforme já explicamos em oportunidade anterior. O dólar chegou a atingir o patamar de R$5,70 durante os momentos de maior stress de mercado e o risco Brasil, medido pelo CDS, superou os 250 pontos.
Terminamos o mês de outubro em um ambiente conturbado, com muita incerteza, e sem perspectivas de melhora no curto prazo. Entendemos que é um momento de cautela no mercado, onde tomadas de risco e decisões devem ser tomadas com diligência e precaução. Aproveitamos o momento de stress de mercado para realizar algumas compras e estamos atentos a qualquer aumento de volatilidade que possa surgir com o desdobramento do cenário desafiador apresentado. Mais informações sobre a carteira da PREVIG, e suas respectivas Modalidades de Investimentos, estarão disponíveis em breve nas lâminas de investimento, na Área do Participante.
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